Primeiro Passo para Uma Rede de Energias Renováveis no Baixo Alentejo
Descrição: O primeiro-ministro, Durãoo Barroso, inaugura hoje o sistema hidroeléctrico de Alqueva, com dois grupos geradores e uma potência de 129,6 MW cada. É o primeiro grande projecto de aproveitamento de energias renováveis que se concretiza no Baixo Alentejo.
Seguir-se-á, ainda no ano em curso, a construção da maior central solar do mundo e a médio prazo será desenvolvida a produção de biocombustíveis e o aproveitamento da biomassa produzida na região. Até ao final de Maio serão avaliadas as potencialidades oferecidas pela energia eólica. A região dispõe de condições para cumprir e até superar a quota comunitária de 39 por cento exigida para a produção de energias renováveis até 2010.
Só a barragem de Alqueva produzirá 460 GWh/ano, o suficiente para suprir as necessidades `do consumo doméstico, industrial, agrícola e de serviços` dos cerca de 160 mil residentes no distrito de Beja, afirma a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA).
A central solar que começará, este ano, a ser instalada na Amareleja, concelho de Moura, terá uma potência máxima de 64 MW, cerca de 20 por cento da energia produzida pela barragem. A EDIA tem projectado instalar junto à barragem outra central fotovoltaica, com uma potência de 150 MW.
As condiçõees da região alentejana para a produção da energia fotovoltaica são únicas a nível nacional e europeu. É o espaço territorial onde se registam os maiores níveis de concentração solar. A freguesia da Amareleja é considerada o seu epicentro.
A instalação deste projecto já foi iniciada com colocação de três pequenas centrais solares em outras tantas escolas do concelho de Moura, com potência somada de 75 KW. Duas delas já se encontram em funcionamento. José Oliveira, membro da administração da Amper, entidade promotora do empreendimento fotovoltaico, a par do município de Moura, salienta que a central da Amareleja «evitará que sejam lançadas na atmosfera 28.320 toneladas de CO2» .
Cerca de 120 moradores dos montes isolados de Ourique utilizam, desde Setembro de 2000, a energia eléctrica produzida por três centrais de sistema fotovoltaico/eólico, com uma potência conjunta de 100 KW.
As metas europeias
Na fileira das energias renováveis destacam-se ainda as potencialidades oferecidas, a médio e longo prazo, pelos 110 mil hectares de regadio de Alqueva e os extensos campos de sequeiro alentejanos para o plantio de espécies produtoras de biocombustíveis.
O biodiesel é feito a partir das culturas de girassol e colza, enquanto o milho, beterraba, trigo e sorgo suportam o fabrico de bioetanol. Esta opção energética encontra-se apoiada pela directiva comunitária 2003/20/CE, que propõe, como metas indicativas, a produção de uma quota de dois por cento em 2005 e de 5,75 até 2010, para estes biocombustíveis.
As áreas de regadio necessárias para a plantação de girassol e colza, produtores de biodiesel, variam entre os 74 mil e os 180 mil hectares. O bioetanol necessita de uma área entre os 20 mil e 72 mil hectares. Estas produções terão de ser feitas em regime de rotação, o que implica alienar o triplo ou o quádruplo daquelas áreas de cultivo.
Outra forma de energia, a biomassa, que aproveita a queima dos resíduos florestais, lenha, ramos e folhas do sobreiro e azinheira e de outras espécies florestais do Alentejo, está neste momento em estudo.
Teresa Cordeiro, professora na Escola Superior Agrária de Beja, refere que a biomassa disponível na região tem um potencial energético total de 18.500 T. joules, por ano.
A alternativa baseada na força do vento parece não ter boas perspectivas, sobretudo no interior alentejano. O mesmo não acontece na sua zona litoral, «onde é mais rentável instalar alguns parques eólicos», salienta Vicente Reis. Há vários anos que foram instalados geradores junto ao complexo de Sines. Mesmo assim, a EDIA vai colocar um gerador eólico dentro do parque temático sobre energias renováveis que será criado em Alqueva.
Mas, apesar do contributo alentejano, Portugal «dificilmente poderá cumprir até 2010 a quota de 39 por cento de produçãoo de energias renováveis que lhe é exigida a nível comunitário», admite o administrador da EDIA. O seu incumprimento vai traduzir-se, no período de 2008 a 2012, num excedente de emissões de CO2 calculado entre 15 a 19 milhões de toneladas, com um preço a pagar de 40 euros por tonelada.
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