sexta-feira, setembro 24, 2004

Energias Renováveis já são mais baratas que o petróleo

Desde que o preço do petróleo ultrapassou os 40 dólares por barril que a produção de electricidade a partir de fontes de energia renovável passou a ser competitiva em Portugal. O impacto das renováveis na tarifa eléctrica paga pelos consumidores ronda uma poupança de 0,2 por cento, indicam resultados preliminares de um estudo em curso para o Centro de Estudos em Economia da Energia, dos Transportes e do Ambiente (CEEETA). De acordo com o mesmo trabalho, a preços de 2002 a utilização de energias renováveis na produção de electricidade encarecia a factura do consumidor em três por cento.
Face à ideia instalada que a energia renovável "é cara", é a própria escalada dos preços do petróleo e do carvão e a factura energética agravada do país mais vulnerável da UE que a contrariam agora - Portugal importa 90 por cento da energia que consome e pagará este ano mais mil milhões de euros na importação de combustíveis fósseis. O que, para o ex- secretário de Estado do Ambiente e director do CEEETA, Carlos Pimenta, confirma que a "energia é um assunto de urgência nacional". O país prepara-se para uma factura energética de, pelo menos, cinco mil milhões de euros este ano, quase 30 por cento mais do que em 2003, face à evolução dos preços do petróleo desde o início do ano.
As primeiras estimativas de poupança com o recurso às renováveis, nomeadamente energia eólica, reflectem sobretudo a vulnerabilidade do país a médio prazo, já que os calendários em curso não permitiriam uma resposta imediata, independentemente dos atrasos que se verificam. O país tem neste momento apenas 350 MW de energia eólica em funcionamento, havendo proejctos à espera de licenciamento há seis anos, denuncia o mesmo responsável.
A questão dos atrasos coloca-se, por exemplo, logo em 2006, ano em que terá apenas 850 MW instalados em vez de 3600, e não vai chegar aos 3750 MW em 2010, o que significa que estará em piores condições para responder a uma crise energética, por dispor de menores recursos endógenos em exploração do que o previsto, quando estes são considerados um bom instrumento de resposta ao risco de crises internacionais. O Governo português comprometeu-se a ter, em 2010, 39 por cento do seu consumo eléctrico baseado em energias renováveis, mas não só a directiva europeia que o determina já deveria ter sido transposta no ano passado, como o atraso é considerado irrecuperável para aquele prazo. No caso da energia eólica, que foi um dos temas da última presidência aberta de Jorge Sampaio, Portugal precisaria de instalar uma ventoinha eólica por dia até 2010, para cumprir a meta dos 3750 MW.
Projectos eólicos bloqueados há dois anosEm resposta à cada vez maior escassez de oferta de combustíveis fósseis e à política energética e ambiental europeia de reduzir as emissões, o Governo espanhol reafirmou recentemente a prioridade dada às renováveis, eólica fundamentalmente, depois de uma já forte expansão nos últimos anos. Os investidores franceses têm, por seu lado, uma série de grandes projectos de investimento em renováveis, que prometem avançar assim que tiverem a certeza que a subida do petróleo acima dos 40 dólares é mesmo sustentada.
Apesar do impulso dado às energias renováveis em Portugal, através do programa E4, lançado nos últimos meses de governação socialista, os processos de licenciamento de projectos de energia eólica, na qual se baseia a parte fundamental dos compromissos internacionais que compete ao país, estão praticamente bloqueados há dois anos.
Desde então, o preço médio do petróleo deixou de ser de 22 dólares, anda teimosamente nos 40, tendo ultrapassado os 46 dólares no final da semana passada. O carvão, que se transaccionava no mercado internacional a 39,5 dólares ronda actualmente os 85. E o gás natural cotava-se à época a 4,35 dólares, sendo que é indexado aos preços do petróleo, com um diferimento de meio ano. Nesta conjuntura de risco, a única ajuda vem da taxa de câmbio do euro/dólar, que era de 0,945 dólares em 2002 e anda actualmente pelos 1,2. Ou seja, pelo menos enquanto a moeda europeia continuar valorizada, um barril custa menos euros do que há dois anos. Um eventual regresso à paridade seria a quarta má notícia para a economia portuguesa e um disparo da factura energética em mais 30 por cento.

Comunidade Portuguesa de Ambientalistas
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