sábado, julho 31, 2004

Preços do petróleo reforçam investimentos na energia renovável

No fim da Conferência Internacional das Energias Renováveis, "Renewables 2004", os representantes de governos de 150 Estados deverão acordar um plano de acção concreto. O objectivo é conseguir que as energias de fonte renovável representem metade do consumo mundial a partir de 2050.
Segundo um estudo recente do instituto norte-americano independente, Worldwatch, nos últimos cinco anos, o consumo de energia eólica e solar triplicou em todo o mundo. A Alemanha, o Japão, a Dinamarca e a Espanha encontram-se no pelotão da frente dos países que fomentam as chamadas energias alternativas. O relatório frisa os benefícios ecológicos, como a redução de emissões poluentes, e laborais, como o desenvolvimento de novas tecnologias, que resulta na criação de novos postos de trabalho.
O aumento considerável do preço de crude nos últimos meses vem reforçar o argumento dos defensores da energia renovável. Tanto mais que existem estudos que apontam para uma possível nova crise do petróleo dentro de poucos anos. Muitos cientistas prognosticam um esgotamento das reservas mundiais a partir de 2016, o que levará a um aumento drástico dos preços do ouro negro, com consequências catastróficas para a economia mundial. Actualmente, são consumidos 80 mil milhões de barris de petróleo por dia, com tendência crescente.
Embora o preço da energia tenha aumentado em flecha em Portugal, as renováveis continuam a não ter 'lobby'. Um relatório recente da Comissão Europeia aponta Portugal e a Grécia como os membros da UE que mais contribuem para o fracasso previsível de uma das metas comunitárias: elevar o consumo europeu das energias alternativas para 12% do total em 2010.
Nos Estados Unidos da América, onde o litro de gasolina chegar a custar menos do que uma garrafa de água mineral, os cálculos apontam para um aumento do consumo em 50%, nos próximos 20 anos. Mas também outras fontes tradicionais de energia, como o carvão, representam um problema por serem findáveis, demasiado caras na produção e de efeito nefasto para o meio-ambiente. E nos países em vias de desenvolvimento, onde as populações dependem muitas vezes da madeira como única fonte de energia para cozinhar, ou seja, sobreviver, a destruição das florestas e a desertificação ameaçam tornar-se num problema para o mundo inteiro.

A Europa e o Protocolo de Quioto

Um dos motivos pelos quais a Alemanha se empenha a fundo pelas energias renováveis prende-se com a necessidade de cortar as emissões de gases tóxicos que ameaçam o clima mundial. No âmbito do Protocolo de Quioto, a União Europeia, ainda dos 15, comprometeu-se a reduzir, entre 1990 e 2008, em 8% (337 milhões de toneladas) as emissões de gases com efeito de estufa. A Alemanha assumiu dois terços desta redução (225 milhões de toneladas). Portugal, a Espanha, a Grécia, a Irlanda e a Suécia, obtiveram o direito de aumentar as suas emissões dentro de certos limites. O resultado intermediário é de mau augúrio para o cumprimento da meta auto-imposta: até 2001, as emissões na Europa tinham sido reduzidas em 2,3%, valor que se ficou a dever quase exclusivamente a desenvolvimentos na Grã-Bretanha e na Alemanha. E mesmo neste país, o factor, não exclusivo, mas primordial, para as reduções, foi o colapso completo da indústria obsoleta e altamente poluente na Alemanha do Leste. Na Áustria e na Itália verificou-se um aumento das emissões, em vez do recuo planeado. A Espanha, Portugal e a Irlanda, há muito que ultrapassaram os limites autorizados.

Alemanha reconhecida como uma boa aluna

A Alemanha é internacionalmente reconhecida como um aluno exemplar em matéria de fomento de energias renováveis. Não é por acaso que este foi o primeiro país onde representantes de um partido ecológico foram eleitos para o Parlamento Nacional, há mais de vinte anos, quando a ideia de um grupo político seriamente preocupado com a defesa do ambiente fazia sorrir meia Europa.
Hoje, a consciência da importância da protecção do ambiente para o desenvolvimento económico e o nível de vida das populações é dado adquirido, pelo menos na maioria das nações industrializadas e democráticas. Na Alemanha, o poder político ganho pelos Verdes foi um factor determinante para o progresso na política de energia, que, no entanto, está longe der ser incontroversa.
Nem todas as energias renováveis são sempre a solução, como reconhece também Berlim: no caso da água, a construção de grandes represas pode causar danos ecológicos graves. Outra energia regenerável, é, à partida, posta de parte pelo actual Governo: a atómica. Mas o acordo entre a coligação e a indústria do sector, que preconiza a retirada do nuclear dentro dos próximos 30 anos, carece de fundamentos firmes, uma vez que pode ser revidado quando for eleito um executivo com orientação mais conservadora. Por outro lado, motivos políticos não permitem que se elimine, de um dia para o outro, os subsídios no valor de muitos milhares de milhões de euros anualmente enterrados na indústria do carvão, talvez a mais poluidora e economicamente menos eficiente do país.
No que toca as renováveis, o vento assume lugar de destaque: a Alemanha produz um terço da energia eólica do mundo. O país é igualmente o segundo maior produtor de energia solar, a seguir do Japão. Porém, levantam-se críticas sérias à política de fomento do Estado para energias renováveis, seja eólica, solar, geotérmica ou de biomassas. Segundo os analistas, as indústrias à partida dependentes de subsídios, não podem sobreviver. O Ministério do Ambiente, sob a tutela do Verde, Jürgen Trittin, reage apontando os 120 000 novos postos de trabalho criados nos últimos anos neste sector, e promete mais 400 000 até 2020. A indústria de energias alternativas factura, anualmente, dez mil milhões de euros, valor que deverá quadruplicar dentro de 15 anos. O Governo pretende que as regeneráveis representem 20% do total do consumo nacional de energia até 2020. Berlim realça ainda a importância crescente da exportação das novas tecnologias deste ramo, factor que não terá sido completamente alheio à decisão de Berlim de organizar a gigantesca conferência "Renewables 2004".

2 Comments:

At 4:56 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá Pedro! Tudo bem? Dá uma olhada a este link: http://www.diarioinsular.com/noticia.php?edicao=6_14_Agosto_2004&n_id=18309

Abraços
Horácio

 
At 2:15 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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