Do lixo vai sair a luz
Uma nova unidade de valorização de resíduos orgânicos, ou seja, a injecção - já a partir da próxima semana - de energia eléctrica directamente na rede pública e a utilização do biogás como combustível na frota de recolha selectiva foram as principais novidades apresentadas ontem pelos responsáveis da Amarsul, durante uma viagem ao mundo dos despojos diários de 714 mil pessoas. O desafio permitiu conhecer o que acontece ao lixo produzido pelos nove concelhos da Margem Sul do Tejo e entender que, de facto, «nada se perde, tudo se transforma».
Dos ecopontos de recolha diferenciada e dos normais contentores, o lixo passa para as centrais de triagem, onde é escolhido e compactado, seguindo depois para a reciclagem ou outra valorização. É que, nem mesmo os enormes montes depositados em aterro estão perdidos para sempre, podendo contribuir para a redução dos gastos de energias não renováveis, como o petróleo.
A Amarsul, empresa multimunicipal que gere um dos maiores sistemas de gestão de resíduos do país, estipula como principais objectivos o reaproveitamento cada vez maior dos resíduos, quer na produção de energia ou de composto a utilizar na agricultura (a partir da degradação de lixos orgânicos), e também a reciclagem dos materiais para posterior utilização.
Com a entrada do município de Setúbal, o sistema «ganhou» uma central de compostagem que produz por ano cerca de 4800 toneladas de adubo natural e, «em 2004, vai iniciar-se o processo para uma nova central no Seixal», adiantou ao DN Miguel Roquete, administrador executivo da Amarsul. Nesta central, a digestão será anaeróbia, com a colocação dos resíduos em grandes reactores onde, na ausência de oxigénio, se fará a degradação e a transformação em composto, o que também origina biogás.
Ora, metade desta substância gasosa é gás metano que, pelas suas características caloríficas, pode ser transformado em energia. É precisamente isso que já acontece no Seixal, no primeiro sistema do género criado em Portugal, mas a partir das células seladas do aterro.
Enquanto se equaciona a utilização do biogás como combustível para a frota de recolha selectiva de resíduos, Luís Santos, responsável técnico da Amarsul, sublinha que «na semana passada foi feita a ligação e, na próxima semana, vai começar a introduzir-se energia eléctrica na rede nacional», que constituirá o destino de 90 por cento da produção, porque o restante será para consumo da própria instalação. Também no próximo ano, a Amarsul pretende criar idêntico sistema no outro aterro que possui, em Palmela. As previsões apontam para uma produção inicial o equivalente à electricidade gasta por 6 mil famílias.
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