quarta-feira, outubro 01, 2003

PILHAS DE COMBUSTIVEL


PORTUGAL já dispõe da sua primeira pilha de combustível a hidrogénio. Baptizada Lucis (luz, em latim) e com pouco mais de 25 centímetros quadrados de área e uma espessura inferior a um centímetro é capaz de produzir entre 2 e 12 watts de energia eléctrica, consoante a membrana PEMFC (Proton Exchange Membrane Fuel Cell) utilizada no seu fabrico.

Acopladas em unidades de quatro células, com um peso de 200 gramas, estas pilhas de combustível poderão substituir, a prazo, uma bateria convencional de seis quilos, abrindo as portas a uma multiplicidade de utilizações: carrinhos de golfe, iluminação para câmaras de vídeo, cadeiras para pessoas deficientes, veículos industriais eléctricos e um grande número de aplicações móveis. A autonomia de uma pilha de combustível deste tipo é de 60 horas, ao contrário das 10 horas de uma bateria tradicional.

«Criámos condições para produzir estas pilhas em Portugal a custo interessante, o que representa umpasso em frente, pois deixamos de estar tão dependentes do exterior», na opinião de Campos Rodrigues, administrador da SRE - Soluções Racionais de Energia.

Este verdadeiro «salto» no tempo da SER foi conseguido quando a empresa foi à Suíça contratar Rui Neto, o primeiro português a preparar um doutoramento sobre pilhas de combustível. Rui Neto esteve cerca de um ano na Universidade de Zurique e no laboratório PSI, onde colaborou no protótipo do Volkswagen Bora, alimentado a pilhas de combustível («fuel cell»), apresentado no último Salão Automóvel de Genebra. «A tecnologia do automóvel do futuro vai ser esta, com hidrogénio extraído do etanol ou do metanol. Este tipo de pilhas poderá funcionar durante 3000 ou 5000 horas, o que equivale a quatro ou cinco anos de vida do automóvel», frisa Rui Neto.

«Com a colaboração do Rui Neto, arrancámos imediatamente com as nossas próprias células, emboramantenhamos uma ligação à PSI, como consultores», acrescenta Campos Rodrigues.

As próximas etapas passam pelos testes a realizar no INETI (Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial) e pelo desenvolvimento de produto a cargo do INEGI (Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial). Em Abril de 2003, a SRE estará presente numa feira internacional em Hannover, na Alemanha, onde apresentará os seus primeiros protótipos e potenciais aplicações.

«Esta tecnologia é-nos acessível, pelo que contamos pôr no mercado, em 2004, pilhas de combustível por 150 euros e competir com as baterias», revela Campos Rodrigues. Posteriormente, a empresa vai avançar para fontes de alimentação de 200 watts. «A evolução vai ser muito rápida e a nossa aposta é estar entre as primeiras empresas a entrar no mercado», acrescenta. As pilhas de combustível desenvolvidas pela SRE podem ser alimentadas a hidrogénio sob forma gasosa (obtido, por exemplo, a partir de energias renováveis) ou de um pequeno reactor de boro-hidreto de sódio, igualmente desenvolvido em Portugal.

A empresa já iniciou contactos com potenciais fabricantes nacionais da caixa e outros componentes das pilhas de combustível. Apenas continuarão a ser importadas as membranas ou catalizadores (produzidos por três empresas norte-americanas) e o boro-hidreto de sódio, proveniente de fornecedores italianos. O valor de incorporação nacional situar-se-á entre os 60 e os 70%. Paralelamente, deverá ser assinado, até ao fim do ano, o contrato de arranque dos projectos de pilhas de combustível no âmbito do consórcio EDEN - Endogenizar o Desenvolvimento das Energias Novas (já aprovado pelo POE), que reúne diversas empresas dos grupos EDP, Autosil e Efacec, além da própria SRE (coordenadora do consórcio) e envolve instituições como o INETI, o INEGI e o Instituto Superior Técnico.

Comunidade Portuguesa de Ambientalistas
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