Quando em 1973 o Mundo sofreu o primeiro grande choque energético, com reflexos na comercialização do petróleo, tornou-se evidente que este passava a ser uma arma importante capaz de condicionar as economias. Por isso, logo nessa altura se acentuou a necessidade de encontrar uma alternativa capaz de manter a dinâmica de mobilidade que entretanto se adivinhava entre os povos e que se acentuaria até finais do século XX.
Diversas soluções alternativas começaram a ser pensadas, os construtores desenvolveram projectos da mais diversa ordem, mas, foi na redução dos consumos dos motores a gasolina e gasóleo que imperou a solução imediata. Hoje, contudo, o sonho do carro a hidrogénio já deixou de ser uma utopia e, aqui bem ao lado, na vizinha Espanha, até já está instalado o primeiro complexo de produção desta fonte de energia, o terceiro da União Europeia.
O Petróleo suplantou o carvão – grande impulsionador da revolução industrial – mas, ainda que com os dias contados, a Idade do crude parece não ter fim. É uma das maiores riquezas existentes e um grande motor do desenvolvimento mundial. Muitas têm sido, contudo, as pesquisas e experiências nas últimas décadas para descobrir uma nova energia, que se quer ecológica, para substituir o poderoso peso do petróleo. Preferencialmente, com um processo de fabricação não muito dispendioso e de elevado rendimento. Soluções há, só que ainda se procura o produto perfeito. É neste quadro que o hidrogénio se apresenta como uma das energias de potencial no futuro, dado que pode funcionar até como complemento de outros combustíveis que já existem. Como vantagens apresenta-se, desde já, como a forma energética mais limpa ambientalmente que se conhece e é uma fonte inesgotável de energia. As suas características ecológicas ganham expressão quando se sabe que é uma das poucas energias que aliadas ao meio rodoviário não faz emissões poluentes de dióxido de carbono para a atmosfera, tendo, por isso, na manga esse trunfo de contribuir para o cumprimento dos compromissos do Protocolo de Quioto. O primeiro complexo de produção desta energia na Península Ibérica foi inaugurado no final do passado mês de Abril, em Espanha, na zona madrilena de Fuencarral, sendo o terceiro na União Europeia. Chama-se esH2 – Estação de Serviço de Hidrogénio e é promovido por três grandes companhias: Air Liquide Espana, Gas Natural SDG e Repsol YFP, e é um investimento de dois milhões de euros.
A par da sua entrada em funcionamento, em Madrid foram postos a circular em Maio quatro autocarros eléctricos movidos a hidrogénio, com a missão de demonstrarem a valia desta energia para os transportes públicos urbanos. A capital espanhola é, assim, uma das primeiras cidades europeias a testar no terreno esta nova energia, contando com o apoio directo da EMT – Empresa Municipal de Transportes de Madrid. Este é igualmente um projecto integrado nas iniciativas europeias CUTE (Clean Urban Transport for Europe) /Ectos e Citycell.
O complexo esH2 é constituído por três peças fundamentais. Erguido num dos parques da EMT, em Fuencarral, inclui uma central de produção de hidrogénio a partir de gás natural, uma zona de armazenamento de hidrogénio, um compressor e um fornecedor de carga rápida.
Autocarros Eléctricos
Mas como aplicar o hidrogénio nos veículos automóveis? A forma é simples: um tipo de bateria alimentada a hidrogénio e a oxigénio pode produzir electricidade ininterruptamente num processo de elevado rendimento energético. Pode constituir simultaneamente um mecanismo silencioso e defensor do ambiente, dado que o que liberta é apenas vapor de água.
É esta filosofia que é aplicada nos autocarros eléctricos de transportes madrilenos a hidrogénio, uma vez que incluem uma bateria deste tipo. E quando ponderado os prós, o factor defesa do ambiente ganha peso por duas razões: com este sistema os autocarros farão emissões não poluentes de vapor de água; e conseguirão uma forte redução do ruído urbano.
Os resultados são cada vez mais convincentes da bondade do hidrogénio no meio rodoviário. Mas do lado dos contra está o facto de muitos apontarem este como um processo caro e ainda assim dependente de combustíveis fósseis para que o hidrogénio possa ser produzido.
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