Hidrogénio do etanol poderá ser combustível do futuro no Brasil
A geração de energia com o hidrogênio obtido a partir do etanol anuncia grandes perspectivas para o mercado brasileiro de combustíveis. Utilizar o etanol extraído da cana-de-açúcar e aproveitar a malha de distribuição já disponível para o álcool constituem um cenário economicamente animador, além de ambientalmente promissor porque há um ciclo completo de emissão e absorção de gás carbônico (CO2), um dos principais responsáveis pelo efeito-estufa.
Com essa tônica, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), em parceria com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), deu início ao projeto Geração de hidrogénio a partir da reforma do etanol, que busca desenvolver catalisadores que permitam a obtenção e a purificação do hidrogênio a partir do etanol, para ser usado na célula a combustível.
Uma das mais promissoras aplicações da célula a combustível no Brasil é a geração de energia para comunidades em que não há o sistema de eletricidade convencional. Dados do Ministério das Minas e Energia de 2003 mostram que aproximadamente 10 milhões de brasileiros não têm acesso à energia elétrica, a maior parte deles residentes na Região Nordeste. Do total de famílias que vivem sem energia elétrica, 90% têm renda inferior a três salários mínimos e 84% vivem em municípios com Índice de Desenvolvimento Humano abaixo da média nacional. Somente na Amazônia, região em que não há possibilidade de interligação com as redes elétricas convencionais, vivem 300 mil famílias.
Outra possibilidade de aplicação da célula a combustível é nos motores a álcool dos automóveis. Com um catalisador eficiente, a reforma do etanol em hidrogênio, produzida no próprio motor, leva o hidrogênio para a célula, uma espécie de grande "pilha", gerando energia limpa para movimentar o carro.
O projeto, coordenado por pesquisadores do INT, leva em conta a elevada produção de etanol no Brasil, que, segundo dados da Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais, deve chegar neste ano a cerca de 17 bilhões de litros de álcool, gerados a partir de uma produção esperada de 440 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Uma das principais incentivadoras do projeto, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) apoiou a modernização do Laboratório de Catálise do INT, que será reinaugurado no próximo dia 28. A reinauguração marca também os 20 anos de atuação do INT no desenvolvimento científico e tecnológico na área de Catálise. No mesmo dia, prestigiando o aniversário, o Instituto lança o fórum de debates "Questão Tecnológica".
Nessa sua primeira edição, o fórum, que tem como objetivo trazer à discussão temas atuais de importância para o desenvolvimento do País, coloca em debate as possíveis rotas tecnológicas para utilização de fontes alternativas aos derivados de petróleo, bem como os esforços de pesquisadores brasileiros na busca de caminhos que viabilizem a auto-suficiência e o desenvolvimento sustentável do Brasil em combustíveis.
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